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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Por que música não é 'só tocar'...


Ser músico é, pra mim, uma profissão fascinante... em um recital diante de uma platéia, ele põe o ouvinte em contato com outras realidades, histórias e mundos do passado, que renascem como um passe de mágica a cada execução. Durante um curto espaço de tempo, é possível evocar uma série de humores e ambientes, seja ela um balé na corte de um imperador distante no tempo, a clausura de um mosteiro medieval, o movimento das marés, das máquinas, dos planetas...

Penetrar em senzalas e prédios, sobrevoar campos de trigo e moinhos de vento.
É quase possível ver o movimento da pena que materializou alguns dos trechos musicais mais luminosos que se conhece, mesmo sendo o sonho de alguém que acordou num quarto frio e escuro em um lugar qualquer...

E o ouvinte ali sentado vai fazendo reflexões (às vezes inconscientes) sobre o que ouve, formando juízos, emitindo opiniões silenciosas para si; quase nunca percebe que essas reflexões são um reflexo da sua própria compreensão do mundo que o rodeia. Assim, tanto tocar quanto ouvir alguém tocar pode ser uma oportunidade de chegar mais próximo da compreensão de quem somos; descobrir o quanto daquilo que se executa "vibra" em simpatia com os sonhos e anseios que habitam as profundezas de cada um...