Translate tool

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ruben Alves no domingo (quase segunda)...

Esse eu não lembrava (valeu, Keko, de verdade!!!)...
Gosto da forma que Ruben Alves escreve... vc vê nitidamente um cara falando mansamente, aquela prosa de quintal de casa no interior. Por um instante, esteja onde estiver na correria do dia a dia, vc se pega lendo-o e tem aquela sensação bacana de achar que está na calma e no aconchego da casa da sua vó, por exemplo...

"Minha alma é um bolso onde guardo minhas memórias vivas. Memórias vivas são aquelas que continuam presentes no corpo. Uma vez lembradas, o corpo ri, chora, comove-se, dança... "O que a memória amou fica eterno", disse a Adélia Prado. Mas há um outro tipo de memória que não foi eternizado pelo amor. Essas memórias não moram na alma. Moram nos arquivos da razão. São informações verdadeiras e inertes. Inertes são as memórias que a razão sabe mas o corpo não ama. É o caso daquilo que comumente se chama de "curriculum vitae". Um curriculum vitae é uma lista de informações inertes. Importantes do ponto de vista institucional, frequentemente exigidas, como comprovação de competência. Mas sua lembrança não me comove. Assim, acho que não merecem ser chamadas de "curriculum vitae". A vida não é uma lista de informações. Prefiro chamar esta lista de "curriculum mortis" - nada mórbido, apenas cômico. Meu currículum vitae verdadeiro você encontrará nas minhas conversas, crônicas, pensamentos, cartas, concertos de poesia."

Ruben Alves