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quarta-feira, 17 de março de 2010

Augusto Cury é Paulo Coelho reencarnado?

Não é de hoje que os livros de Paulo Coelho não me chamam a atenção. Já li alguns deles no passado e confesso que por um tempo eles até tiveram algum respaldo pra mim. Comecei por "Brida", depois "O Monte Cinco" e, por último, "Verônica decide morrer". O que transparece na leitura é aquela sensação estranha de fórmula manjada, como uma banda que grava sempre músicas parecidas com um antigo rit de sucesso. Não espere em nenhum desses livros qualquer desfecho diferente daquele que naturalmente se deseja em novelas televisivas: que a ala do bem fique numa boa (apartamento em Copacabana, viagens ao exterior e festas reunindo todo mundo) e a galera do mal sofra (prisão, morte, loucura, sofrimento, etc...).

Pois bem, eis algumas das suas pérolas:

Embora meu objetivo seja compreender o amor, e embora sofra por causa das pessoas a quem entreguei meu coração, vejo q aqueles q me tocaram a alma ñ conseguiram despertar meu corpo, e aqueles que tocaram meu corpo ñ conseguiram atingir minha alma.
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Tudo que acontece uma vez poderá nunca mais acontecer, mas tudo o que acontece duas vezes, certamente acontecera uma terceira.
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Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um 'sim' ou um 'não' pode mudar toda a nossa existência.



As coisas mais simples da vida são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem vê-las.
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Ninguém consegue mentir, ninguém consegue esconder nada quando olha direto nos olhos.
E toda mulher, com um mínimo de sensibilidade, consegue ler os olhos de um homem apaixonado.

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Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia.
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Quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize o seu desejo.

Pois bem, nessa onda de best sellers onde a importância de um autor aparentemente é medida pela quantidade de livros vendida, Augusto Cury vem ganhando destaque na mídia em geral e, por conseguinte, nas prateleiras de muitos aficcionados pela sua literatura. Autor de livros como "Pais Brilhantes, Professores Fascinantes", "Você é insubstituível" e "Análise da inteligência de Cristo: o mestre inesquecível" (?), ele justapõe conceitos óbvios da auto-ajuda com uma linguagem rebuscada de médico, psiquiatra e psicoterapeuta. O resultado é uma coleção de lugares comuns típicos, no melhor estilo "se não chutar, não sai gol".
Algumas dessas pérolas:

Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la.


Todos querem o perfume das flores, mas poucos sujam as suas mãos para cultivá-las.


Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável.


Os problemas nunca vão desaparecer, mesmo na mais bela existência. Problemas existem para serem resolvidos, e não para perturbar-nos.


A vaidade é o caminho mais curto para o paraíso da satisfação,porém ela é, ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve.


Os que desprezam os pequenos acontecimentos nunca farão grandes descobertas. Pequenos momentos mudam grandes rotas.


Se um dia fecharem-lhe as portas da vida, pule a janela.

 Com exceção desse último pensamento, que pode ser extremamente perigoso se entendido ao pé da letra (especialmente se vc mora no 23º andar), os demais são todos copilações de frases de efeito, que não por acaso tem esse nome. Elas buscam sempre trazer ao leitor uma compreensão "filtrada" da realidade, um lugar comum e fácil onde brota a comodidade e o conforto através da mera consciência e do desejo pessoal.

A comparação com autores consagrados na literatura é injusta, mas serve como ponto de apoio para exemplificar o que quero dizer; personagens como Don Quixote¹, Dorian Gray², Gilliat³, Sydney Carton¹¹ e (li esse recentemente, presente da keko²²) Geraldo Viramundo³³ não são meras criações literárias para exibições de frases de efeito. Eles são, sim, personagens complexos e profundos, que exploram intensamente nosso caráter ambíguo e contraditório, nossa doçura e raiva, como seres caridosos e mesquinhos. Já foi dito que o Jesus bíblico seria uma caricatura sem graça se comparado à complexidade visceral de qualquer personagem da obra de Dostoiéviski. Acho que o mesmo vale aqui.

O problema da história do "universo ao seu favor" é que ela não encontra respaudo no mundo real. Como sábios visionários também não. E pessoas que não sentem medo. E bondade absoluta. E assim por diante.
Somos formigas presas numa garrafa tentando ler o mundo lá fora através de um vidro trincado, sujo e desfocado, mas ainda assim somos fortes e profundamente corajosos diante do desconhecido (viu como pega... rsrs). Entender nossa falibilidade demonstra a extensão da nossa insignificância, mas também a grandeza do nosso caráter e a nossa honestidade frente ao que não conhecemos, minimizando nossa ignorância, ajustando nossos ponteiros com um universo já em rotação própria e não o contrário, sob todos os aspectos.

Tenho de proclamar a minha incredulidade. Para mim não há nada de mais elevado que a ideia da inexistência de Deus. O Homem inventou Deus para poder viver sem se matar.

Fiodor Dostoiéviski


1. O cavaleiro errante, que tenta a todo custo viver seu sonho medieval num mundo onde o cavalheirismo não tinha mais espaço. Da obra homônima de Miguel de Cervantes.

2. O personagem de Oscar Wilde imortalizado através de um retrato, que passa por sua vez a envelhecer em seu lugar, embora seu caráter desvirtuado não o permita encarar a pintura, como alguém que evita espiar a própria consciência.

3. O pescador de Victor Hugo em "Os trabalhadores do mar", que sonha com um amor platônico e termina facilitando a fuga da sua amada com outra pessoa, morrendo lentamente na subida da maré ao vê-la partir.

11. O fantástico antipático e irônico personagem de Charles Dickens em "Um Conto de Duas Cidades", que termina assumindo o lugar de um desafeto no cadafalso, morrendo por alguém que nem conhecia, nem gostava direito.

22. Minha negrinha... "a linda flor do meu sertão pernambucano".

33. O grande mentecapto de Fernando Sabino em obra homônima, que percorre um estado de Minas Gerais quase pictórico, oscilando entre a extrema bondade, profunda ingenuidade, grande sabedoria e loucura demente.

Aparições de jesus... ou da fé necessária para ver o que não existe.

Algumas pessoas procuram e buscam tanto que acabam encontrando... ou não?

















Curtas e boas... ou rindo pra não chorar!!

Comédia sem precedentes, seleção natural onde as baboseiras se valem de uma educação ineficiente, incompleta e obtusa para se proliferarem. Faz me lembrar ironicamente o evangelho de marcos, capítulo 13, versículo 7:

"Porque naqueles dias haverá tribulações tais, como não as houve desde o princípio do mundo que Deus criou até agora, nem haverá jamais".







Pastor transforma metais em ouro!!!





Lipoaspiração pentecostal (tb conhecido como pastor "Dr Hollywood"!!!)





Enquanto isso, na saída de alguma fonte miraculosa em algum lugar do mundo, essa imagem que poderia ser livremente traduzida por cura à frente.