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sábado, 7 de abril de 2012

Páscoa... ah, a páscoa.

A história que Jesus morreu e rescussitou por nós é um dos aspectos mais incoerentes e ao mesmo tempo, mais lembrados e adorados pela maioria das pessoas que conheço. A história da barganha com deus, em que alguém tinha que pagar pelos pecados dos demais é uma ideia tão atrasada que remete-se aos primórdios da lingua escrita. O termo "bode espiatório" nasceu, nada mais, nada menos,  que da crença antiga que era possível depositar no lombo do pobre animal todos os pecados de um vilarejo antigo e o bicho era deixado à própria sorte no deserto, para morrer de fome e sede.

O sacrifício de animais em toda Bíblia é de fato uma lei; deus não aceitou o sacrifício de Caim porque eram verduras e frutas. Quando Noé saiu da arca, a primeira coisa que fez foi matar um bichinho desses. Sabe-se que havia um imenso comércio no templo vendendo pombos, cabras, vacas e outros menos afortunados para serem abatidos como forma de sacrifício ao deus que lhes observava. Tal qual os Incas que sacrificavam pessoas ao seu deus-sol, há uma longa tradição em muitas das religiões de usar oferendas à sua divindade como prova de fidelidade partidária e um pedido de perdão. O que não entendo é como isso pode ser moral aos olhos das pessoas de hoje.

Se você fez algo errado,pode ser até que ninguém descubra, nunca. Mas em hipótese alguma, alguma outra pessoa vai poder livrar a sua culpa por isso; podem ir condenado em seu lugar, mas isso não te exime de nada. Da mesma forma, essa doutrina de dizer que cristo sofreu por nós é um claro reflexo de uma época em que se acreditava que era possível para alguém ser o "cordeiro, aquele que tira o pecado do mundo". Nada mais infantil.

Se eu cometi algo de ilícito, que claramente prejudicou a terceiros, é minha obrigação assumir meu erro e pagar por ele. Esperar que alguém me livre disso é um atitude semelhante às crianças que quebram algo e esperam não ser descobertas. Mas pior do que isso, quem acha que não só a minha culpa pode ser tranferida a outro, mas ela recai sobre meus filhos, meus netos, gente que ainda nem nasceu e não sabe de nada do que vai encontrar. Crianças pequenas e indefesas que, nessa sociedade fanática já nasce com a pecha de "pecador". E eles ainda acham graça tirar fotos de crianças ajoelhadas rezando, como se fé fosse virtude.

E como se isso por si não fosse pouco, deus precisava cobrar a conta pelos "pecado" que as criaturas que ele pretensamente fez e, ao que tudo indica, sabia exatamente como iam se comportar por conta do instinto que ele mesmo os dotou. Para isso, ele teria enviado seu próprio filho para ser morto e pagar uma dívida que ele podia ter simplesmente perdoado.

Mas não termina aí, como todo mundo que já assistiu àquele berreiro de programa religioso nas madrugadas na tv bem sabe; o filho é morto, mas... não pode ser morto, porque ele também é deus!! Que sacrifício foi esse então? Nem me pergunte.

Eu ainda assisto abismado esse monte de mensagens de páscoa dizendo que o coelho tomou o lugar de jesus como se fosse ruim; como se esse fosse nosso maior problema. É claro que não é. O coelho pelo menos me isenta de tomar parte dessa história toda que é, sob vários aspectos imoral. Primeiro: não nasci condenado porque meus antepassados fizeram algo... isso não é moral nem aqui nem em lugar nenhum. Especialmente de um que ninguém sabe se existiu. Segundo: mesmo que fosse o caso, como alguém que é credor envia o próprio filho para pagar a dívida???? Se ele faz as regras, porque o sofrimento? Porque ele mesmo não deu mostras do seu perdão infinito e sua bondade que é adulada por tudo que é religião e simplesmente perdoou. Porque essa imagem do nazareno ensanguentado precisa ser um sinal de amor todo ano, em todo lugar?

As pessoas tem medo de perguntar, porque certas perguntas podem dar repostas que elas não querem ouvir. Qualquer pessoa que se questionar friamente sobre isso percebe que a história é crivada de erros. Se eu sou o dono, senhor e mestre de uma criação, se tenho o poder de fazê-los como eu desejo, porque eu os faria dependentes de mim, ou de comida, de água? Porque não, simplesmente fazê-los sem essas necessidades, porque se eventualmente elas faltassem, ninguém precisaria morrer por isso.

Começando claro, pelo meu próprio filho para pagar uma dívida absurda que eu mesmo poderia ter evitado.

Definitivamente, não faz sentido.

Feliz Páscoa!