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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Barro...

Catei do Bule

Swingle Singers... o grupo na sua melhor forma.

1812 de Tchaikovisky 



Abertura da Flauta Mágica, Mozart


Saudades de Jobim...

... mas do Tom, não do Nelson, por favor!



Ler as entrelinhas pode ser uma tarefa dificil, mas é um exercício necessário, especialmente para quem não se acha com vocação para peão de manobra ideológica. E se você nunca se perguntou como um ministro do primeiro escalão do governo se presta ao papel de fuxico infantil sobre a professora que o deixou de castigo, então pode estar na hora de exercitar mais.

Pense comigo: se você está descontente com a escola onde trabalha, o que você faz? Vai à rádio da cidade e fala mal da administração do prefeito ou do cabelo que a secretária de educação usa (ainda que em off)? Claro que não. A não ser que essa fosse sua intenção, você seria fuzilado pela maré de diz-que-me-disse. Agora, imagine se você não é só um professor municipal, mas um advogado, ex-deputado federal, ex-ministro, ex-ministro da Corte Suprema e ministro da Defesa; o que você acha que aconteceria?

O cenário político se desenha de forma aparentemente casual na mídia, mas não tenha dúvidas: ele é cuidadosamente orquestrado. Ou surpreendeu alguém que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) era (e convenhamos, ainda deve ser) uma farra de licitações fraudulentas e sem outro fim que o desvio do dinheiro público? Ora, basta andar pelas ruas da sua cidade. Mas, de repente, a "bomba" estoura. E os autores da matéria e da repercussão dela são provavelmente os mesmos que vivem o dia a dia no planalto em Brasília, engafinhados entre jantares e conversas informais. Então eu sei disso, você sabe, mas eles não?

Com a faxina feita no ministério dos Transportes, deixou de ser notícia; perdeu força. Basta correr os olhos nas notícias atuais para saber qual a real intenção por trás dessa manobra aparentemente tola: munição nova na manga de uma oposição política que beira o limiar da tolice. Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado, diz que a escolha do substituto de Jobim, o ex chanceler Celso Amorim, foi escalar zagueiro pra jogar de centro avante. César Guerra, presidente nacional do mesmo partido, disse que a escolha foi indequada. O portal da Veja publica quase diariamente uma nova matéria enviesada sobre isso. E o quase inexistente deputado baiano ACM Neto renasceu das cinzas por breves instantes para tecer um comentário risível sobre a demissão do ministro ter sido motivada por ele ter tido uma posição ideológica.

A pergunta nem precisa ser feita, mas lá vai: se a experiência internacional que Celso Amorim adquiriu vivenciando situações de guerra in loco não se compara em nada que qualquer outra pessoa teria no Brasil, e se mesmo especialistas afirmam que ele não terá problemas no comando da pasta, porque deveríamos nos interessar pela opinião do senador Álvaro Dias, César Guerra e seus cosanguíneos? Pra mim, quando leio isso, sinto que minha rotina altera-se tanto quanto ler sobre a 'polêmica' entre Fred e os membros da torcida organizada do Fluminense, ou sobre a "revelação" das primeiras exigências de Britney Spears em sua (muito aguardada por mim [ironic mode on] ) vinda ao Brasil. Pertencem à mesma categoria.

Os militares, por outro lado, e para usar um dito gaúcho conhecido, "sentaram no patê". Com a polêmica sobre a revelação pública dos arquivos da ditadura, ter um ministro que se identifica com causas humanitárias pode até não dar em nada, mas me diverte imaginar os generais de pijama em casa choramingando em telefonemas noturnos se seu rosto vai aparecer no jornal do dia seguinte. Numa opinião pública tão frágil de julgamento, é irônico vê-los tentar em vão vender o absurdo gritante de que é justo anistiar não só o perseguido, mas também o carrasco. Mas isso é outra história...

Pra mim, Jobim já vai tarde. Mas o Nelson, não o Tom, por favor!!