Translate tool

domingo, 4 de julho de 2010

Fernanda Gentil no SportTV...

O cúmulo da falta de noção...


"Sobre a credulidade" ou " A premonição e o orkut... o casamento perfeito."

A cada dia me impressiona mais a credulidade das pessoas. Como a fé sem provas faz de mulheres e homens, que são por natureza senhores do seu próprio destino, servos da hipocrisia e ignorância. As pessoas que se aproveitam delas sabem disso; sabem da boa fé de alguém que trabalha a semana toda fazendo o que acha que é certo e simplesmente não acredita que o pastor, padre, ministro, rabi, etc, da sua igreja seria capaz de falar de forma tão convincente, tão apaixonada e no fundo estar mentindo. Não, as pessoas não acreditam... e por isso são alvos tão fáceis.




Sei bem o que é arrumar-se num fim de semana e ir a sua igreja preferida. Já fiz isso muitas vezes no passado. Mas o que sempre me atraía era o convívio com as pessoas, algumas das reuniões para falar do que pensava, participar e sentir-se parte de algo; a doutrina em si sempre foi contraditória prá mim. Sempre tive um pé atrás com os "misteriosos desígnios" de deus; Noé, Abraão, Moisés, Pedro, Paulo, e especialmente Ló, sempre foram modelos discutíveis para alguém que se propõe pensar por conta própria. Tanto que durante algum tempo, li várias coisas tentando resolver essas questões internas, chegar a um meio termo; só que esse processo de busca foi afastando o consenso pra longe. E a razão demonstrou no fim do que se tratava... histórias de povos no deserto, feitas para resolver problemas com as mesmas questões de existência de sempre. Os males e desgraças do dia a dia teriam de ser respondidos com algo melhor que simplesmente "não se sabe"... para perguntas sem resposta, o melhor caminho era evitar o questionamento, ou apazigua-lo com a onisciencia de quem tudo poderia ver e que só a ele competiria decidir sobre certo e errado.

Bom, a boa notícia é que não há nada demais com a palavra "não sei". Na verdade, é a mais honesta que temos em relação ao que as religiões usualmente afirmam, até que se prove ao contrário. E certo e errado são relativos a cada contexto social onde essas palavras são aplicadas. Escravidão era considerada legítima num passado mais recente do que gostaríamos de pensar,  estupro e violência doméstica ainda o são em alguns países islâmicos. Essa relativisação de conceitos exige de nós critérios mais claros para estabelecer uma moral de conduta, e nesse quesito, a biblía perde feio... na retórica teológica, por mais que se corra e dê voltas, chegamos sempre aos mesmos problemas fundamentais sobre aquilo que está escrito e sua interpretação.

Temos hoje bases morais melhores que nos foram legadas por séculos de literatura e ciência que exploram nossas fraquezas como algo intrínseco, que é natural e absolutamente normal, já que integram características gerais do que já fomos no passado remoto de nossa espécie, do que somos e provavelmente do que seremos.

Os principais teólogos da Idade Média pregavam que o conhecimento de deus vem através de uma revelação pessoal; descobrimos cada dia mais que nossos sentidos são falhos e que não reportam o universo à nossa volta como realmente é... o 'pessoal' deve ser descartado numa discussão sobre parâmetros que regem mais que uma pessoa. Se racismo foi apoiado por séculos de ignorância sobre o que se acreditava certo, sabemos hoje que o conceito de raças humanas não existe. Na verdade, sequer o conceito de cor; o vermelho que vejo é provavelmente diferente do que você vê simplesmente porque parte de uma inferência pessoal. É um processo neuro-químico que dispara no cérebro o processamento de que algo é azul, vermelho ou o que for. 

Onde isso leva? Honestamente, não sei dizer. Mas posso afirmar com razoável segurança que sabemos mais hoje sobre nosso universo, nosso mundo e nossa vida do que qualquer geração precendente, podendo separar com mais clareza a realidade da ficção. Só isso, como dizia Carl Sagan, já é suficiente pra me sentir feliz de estar vivendo esse agora.

Ideias para um próximo post: "sobre unicórnios, milagres e duendes".