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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Minha Dissertação de Mestrado: Fantasia Sul América para Clarineta Solo de Cláudio Santoro.

Definitivamente, nossas ferramentas de compartilhamento de informações melhoram a cada dia. Ainda lembro de uma época em que tínhamos de pedir cópias pelo correio a um custo alto e sob pena de não ser algo que você realmente estivesse interessado.

Os tempos são outros...

Bom, durante os anos de 2006 a 2008, estive cursando o mestrado em execução musical na clarineta em Salvador-BA, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Meu tema foi sobre uma obra importante para a clarineta mas ainda pouco estudada até então: a Fantasia Sul América para clarineta solo de um dos grandes compositores brasileiros, Cláudio Santoro.

Aproveitando esses meio de divulgação, e do fato de algumas pessoas me pedirem pra enviar a minha dissertação, estou disponibilizando ela abaixo. Pode ser lida online mesmo, basta clicar em "Expand".

Fisioterapia para músicos

Apesar dos músicos atuarem profissionalmente há muito tempo, ainda divulga-se pouco sobre os cuidados com o corpo nessa atividade que exige um esforço repetitivo altíssimo pela própria natureza da prática. Pois bem, clicando aqui e ali topei com esse livro sobre fisioterapia para músicos, que pode ser lido online (basta clicar em "Expand") e trata, como uma linguagem clara e direta, de algumas das nossas características e problemas. Achei bem bacana.


Boa leitura.


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O foco é (e sempre foi) você.

Para quem estuda um instrumento musical, não são poucas as indagações, seja sobre a própria profissão em si, seja sobre aspectos técnicos do fazer musical ou mesmo filosóficos do porquê fazer. Nesse sentido, embora correndo o risco de parecer simplista já que todo músico tem seus próprios dilemas e demônios para contornar, acho que algumas questões são recorrentes e podem ser encontradas em nove de cada dez músicos. Dentre elas, o caráter competitivo obviamente destaca-se, e não é difícil perceber porque.

Ao concorrer a um cargo qualquer, normalmente os critérios de escolha são baseados em audições públicas, que tentam dar conta de avaliar um processo criativo individual da forma mais imparcial possível. Embora as características de cada um sejam levadas em conta, não digo nenhuma novidade ao afirmar que a banca já tem seus próprios critérios que o candidato deve satisfazer. Concepções individualizadas demais são desfavorecidas em prol daqueles músicos que apresentam idéias (sejam elas quais forem) mais coerentes do ponto de vista do ouvinte ali sentado, banca ou não. E, seja como causa ou consequencia, assim formam-se o que chamo de cânones da interpretação, que nada mais são que parâmetros escolhidos arbitrariamente e que passam a ser aceitos por uma comunidade de intérpretes/ouvintes.

Não cabe aqui explorar em que medida isso acontece, mas eu gostaria de me debruçar um pouco sobre os efeitos negativos dessa atitude. Encontrei muitas vezes colegas estudantes frustrados porque se propuseram a um perfil profissional sem compreendê-lo em profundidade. Muitos deles replicam o repertório do instrumento sem uma reflexão mais séria sobre o do porquê fazer, e a balança é definitivamente desequilibrada quando os objetivos limitam-se a executar as obras de maior dificuldade técnica, algumas uma verdadeira provação. E, quase sem perceber, temos uma massa de estudantes de música que replicam os cânones estabelecidos e relegam sua própria criatividade a um segundo plano.

Talvez esse seja um dos problemas pouco fomentados pela academia, embora qualquer pessoa concorde que há obras fundamentais para a criação e o desenvolvimento de um currículo em um instrumento musical. Meu problema não é com esse currículo mas com a forma de abordá-lo. A carga de informação nesses casos é grande, e os campos de estudo que a atividade musical gera só aumentam a cada dia. As conexões entre a música, seus processos de ensino e de performance, bem como a sua compreensão envolvem áreas tão distantes quanto complexas, sendo a didática, a neurologia, a acústica, a filosofia, a história e a anatomia somente algumas delas.

Bach (sério, ao lado), Vivaldi, Brahms, Mozart, Beethoven, Stravisnki, Debussy, Berio, Nielsen e Puccini são nomes que pincei aleatoriamente; todos são grandes compositores que cada, um a seu tempo, compuseram narrativas e estruturas geniais, obras que não por acaso figuram em programas de concerto do mundo todo. Mas, e aqui vai a pergunta central, eu preciso executar um concerto de Nielsen, por exemplo, para ser reconhecido como músico "sério"? Executar bem essas obras deve ser uma condição para que eu seja aceito pelos meus pares? Não são essas obras elas próprias ápices da manifestação de um processo criativo? E se for assim, não perco boa parte da desse processo ao transformá-las em cotas de produção que devem ser cumpridas?

Antes de mais nada, ninguém deve nada. É fato que às vezes nos sujeitamos a repertórios em processos de formação, quando nos submetemos à audições e mesmo na rotina de grupos profissionais de música como bandas e orquestras. No entanto acho importante que mantenhamos acesa lá no fundo aquela chama da curiosidade inicial que nos fez buscar o instrumento como meio de expressão. A experimentação, a pesquisa sobre o que fazemos, as dúvidas sobre o contexto inicial em que cada obra dessa foi produzida, o do porquê devo tocar desse ou daquele jeito; são todos aspectos que, muito mais do que ampliar os horizontes da profissão, permitem uma realização mais completa do indíviduo em si.

Com isso em mente, ir a um master class ou tocar em uma audição pública não deve prioritariamente ser encarado como se o que você está fazendo é bom ou ruim em relação ao outro. O outro não importa muito quando seu maior oponente é você mesmo. É perceber que foram suas pernas que te trouxeram até ali, diante daquele professor e platéia, para executar a obra de alguém, ela própria uma remissão a um contexto específico. Em que medida esse contexto dialoga com o momento em que você toca diz muito mais sobre você mesmo do que sobre a peça. Por isso, um instrumentista não é só mais uma peça nesse conjunto, especialmente pra ele próprio.

As dificuldades de qualquer execução devem ser associadas sempre com o objetivo mais amplo da sua satisfação pessoal em transmitir ou recriar idéias de outras pessoas, desse ou de outros tempos. O que professores e outros estudantes fazem é dar suas próprias impressões sobre o processo. Mas é essencial que você se pergunte o tempo todo o que te move nessa direção, para não acordar num lampejo diante do público perguntando-se o que está fazendo ali tocando uma peça que te diz muito pouco. Acho que você deve se ver como um impulsionador; alguém cujo objeto de estudo é levar adiante as suas melhores idéias, especialmente num mundo onde se diz tanta tolice.

Não quero, entretanto, dizer com isso que se deva ignorar o que se sabe. Nem tampouco que você passe a cochichar um mantra repetindo "eu sou especial; eu sou importante; o universo conspira a meu favor"; nada disso, embora você provavelmente seja especial para alguém. O que proponho é um exercício para reestabelecer suas prioridades em relação ao que estuda e faz, considerando obviamente que você que lê é um musicista.

Porque, no fim, é disso que se trata. Tocar Beethoven ou Stravinski não é um favor para eles; é pouquissímo provável inclusive que eles estejam vendo isso. Também não é para o seu professor, que já tem uma carreira consolidada. Em última instância, é um processo que fala sobre o que você quer dizer; você artista, você criador. Livre das amarras do que a tradição diz que é porque é, é comum começar a sentir o gostinho da realização plena chegando, onde Mozart, Pixinguinha, Nielsen e as canções que sua mãe cantava na infância servem todos a um propósito maior que a mera repetição; servem para a sua satisfação plena como pessoa humana. 

Bach: "aqui pro ceis..."

domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre Manaus e Imaruí...

O blog de Luis Nassif publicou hoje uma matéria de sua autoria intitulada "Primavera em Manaus".  Dividida em sete capítulos, ela narra como a truculência e o coronelismo ainda dominam as relações políticas em nosso país. Uma médica grávida de oito meses perseguida sem cessar por um radialista patético porque ousou protestar contra uma taxa  de coleta de lixo. Essa história infame é a faceta visível de um esquema mais profundo que mescla apadrinhamento político, favorecimento ilícito e até pedofilia.

A matéria é estupendamente bem escrita e demonstra, passo a passo, como o radialista Ronaldo Tiradentes e seus comparsas achacam os que ousam pensar que são livres em terra de tiranos.

Seguem os links:

A Primavera de Manaus

Twitteiros versus coronéis da selva.
A fonte de poder dos coronéis regionais.
As primeiras represálias ao movimento.
O radialista que amava Roberto Carlos.
A invasão do posto de saúde.
A suspensão com base em um documento falso.
O terror no jogo político do Amazonas.


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Esse tipo de acontecimento expõe a real situação em que vivemos; ele demonstra que o sistema político que temos é fruto direto da nossa atitude como pessoas sem consciência do que é um sistema democrático. A esse respeito, lembro de uma frase de George Carlin, um grande humorista norte americano que já estrelou outros post aqui no blog. Segundo ele, tendemos a pensar que políticos são criaturas diferentes so que somos, que se materializam em nossa realidade vindas de um outro lugar, como uma outra espécie.

Não são.

São pessoas como eu e você, que elegemos para nos representar, embora não seja difícil demonstrar como essa representação é fraudulenta (porque não funciona) e, ao mesmo tempo, justificável. Conheço muitas pessoas que falam demonstrando conhecimento dos desmandos na política. Porém, muitas delas parecem no fundo lamentar não ser elas e estar lá, fraudando, recebendo sem trabalhar... enfim, não me espanta que sejamos governados por imbecis.

 
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Imaruí - Os fatos sobre a capital nortista me fizeram lembrar da minha cidade ao sul de Santa Catarina.  A "pequena jóia" (que é como a chamamos) foi mais um dos tantos redutos espalhados pela país governados por clãs familiares durante boa parte da sua história e que distribuíam migalhas como se fosse banquete aos miseráveis. Fazendo o mínimo do que deveriam mas alardeando como se fosse um favor, eles posavam numa clara atitude paternalista, favorecendo correligionários e sufocando as vozes discordantes.

Num lugar desses, se você não é da "situação" vê seus direitos se esvairem na sua cara, as portas se fechando nos momentos mais inusitados e pelos motivos mais absurdos; eu mesmo fui preterido em no mínimo três oportunidades diferentes de trabalho por pessoas claramente menos qualificadas, mas que eram conhecidos de pessoas ditas influentes.

 Em matéria do Diário Catarinense (23/10/11, pág. 10) sobre a polêmica aposentadoria em massa dos funcionários da Assembléia Legislativa de SC em 1983, há um texto sobre Imaruí que apenas ratifica o que todos que moram ou moraram lá sabem: se não for "carneiro", esqueça. Assim era como chamávamos os que se beneficiavam do esquema. A matéria informa que o sobrenome Bittencourt pairou incólume na administração da cidade de 1930 a 1996 (com pausas para aliados de outros sobrenomes, o que dá no mesmo).
E embora seja ruim só a concessão do beneficiozinho aqui, o jeitinho ali aqui, o problema é mais profundo. O pior é o sistema viciado que criou pessoas com um sistema moral parcial e que não via nada de errado no fato do seu filho ser indicado sem lisura alguma ao que quer que fosse, e muitas vezes à revelia das suas escassas capacidades. E na tentativa de manter o que julgavam um direito adquirido, vi muitos amigos em contendas banais, infantis e sem fundamento. Os "carneiros", sem ter do que rotular os outros, resolveram chamá-los de "porcos", talvez sinalizando que o quinhão deles deveria ser as sobras. E assim seguiram, como numa fazenda, degladiando-se por quem tinha mais espaço no cocho.

Campanhas eleitorais eram uma época triste; amigos por anos a fio dividiam-se em dois times como torcidas fanáticas disputando o que julgavam a cereja do bolo. Ânimos inflamados, fogos de artifício no telhado alheio, a desgraça de sempre.

Mas cidades como Imaruí não são únicas e pipocam no interior do Brasil, em situações que variam de mais brandas a muito mais críticas. Esses pequenos feudos terminaram criando massas de pessoas sem consciência política adequada, divididos quando deveriam estar unidas pelo bem comum, sorrindo orgulhosos quando conseguem lamber os farelhos no tapete sem saber que pagaram a conta pelo banquete completo...




sábado, 12 de novembro de 2011

Stephen Hawking no documentário "Curiosidade"

São quarenta minutos que você não perde, investindo em si mesmo. Sem comentários.



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Caminhando... sempre.

De pé e caminhando... porque o ato de andar fortalece a caminhada.

Mas é preciso estar atento para evitar o ritmo frenético; não cair na tentação de seguir a manada que corre desordenada e sempre atrasada... para o quê, raramente se perguntam.

Assim eu cruzo meus dias nesse mundo, buscando a serenidade me preparando pra guerra.

Com a sensação que devo continuar, não importa o que aconteça... e assim eu faço.

Defendendo a utopia que é possível amar sem pedir nada em troca. E amo minha mulher, minha vida...

Amo meu filho que ainda não nasceu, meu pai que já se foi... duvido que qualquer um deles possa me ver agora, mas eu sei que ambos vivem em mim porque sou a ponte que os conecta. Pra que um dia um saiba da existência do outro, não apenas de ouvir falar, mas que possa desenvolver seu potencial para o desenho, a caligrafia, o grande coração...


Penso que o mundo não me tem em conta; já estava aqui antes de mim, estará depois.
Nada disso foi planejado pra mim, mas ainda assim, sou parte disso; era parte antes, serei depois.

Não espero recompensa por nada, e não acho que alguém me vigie...

Evito o mal porque é a coisa certa a ser feita; para que esse mundo seja melhor para a infinidade de pessoas que estão por vir e ser também eles, senhores de si mesmo, como eu sou.






domingo, 6 de novembro de 2011