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domingo, 24 de julho de 2011

Sobre a morte de Amy Winehouse

Esse vai ser rápido. Só passei pra registrar essa publicidade sobre a morte de Amy Winehouse e as reações histérico-verbais de alguns que vi e li. Lembram do Michael Jackson? Estuprador de crianças, racista (por ter vergonha da própria cor e mudado-'a') e mais um monte de adjetivos. E quando morreu? Bom, foi imediatamente santificado pela mídia (a mesma que o condenava diariamente) e pelas pessoas cuja opinião se baseia nessas publicações. Era "o maior artista do século"...

Com a cantora inglesa ocorre o mesmo. Enquanto escrevo ainda não se sabe a causa da morte, mas isso não interfere em nada do que vou dizer. Permanecendo bêbada e drogada a maior parte de seu tempo, ela protagonizou aparições públicas patéticas; esquecendo letras que nada tinham de complexas (vide Rehab) em pleno palco, ela beirava o limiar do insuportável com uma pronúncia arrastada e mal articulada, constrangendo os músicos que a acompanhavam e irritando as pessoas que a admiravam. Suas qualidades são um fato, mas sua postura não só desperdiçou seu talento nato e um timbre vocal invejável, mas a relegou àquela posição de mito contemporâneo, do artista inconformado e incompreendido, mas acima de tudo profundamente infeliz.

Não fosse sua fama anterior, qualquer pessoa lúcida iria querer seu dinheiro de volta ao pagar uma fortuna para ver isso: 



Acompanho agora os comentários mais apaixonados e encharcados de uma admiração que parece ter sido insuflada instantaneamente, tal como ocorreu com Michael Jackson. Bom, talvez isso demonstre no fundo o caráter supérfulo e banal com que a vida humana é encarada na nossa cultura tão midiática. A conversão imediata de uma boa cantora que beirava o limite da incapacidade de gerir a própria vida em um status de diva parece-me um sintoma disso.

Mas para deixar as coisas toda na perspectiva correta, termino dizendo que eu gostava de muitas das coisas dela; só acho que ela transformou-se, por seu mérito e esforço pessoal, numa sombra de si mesma. Eu encerro com a mensagem de Aretha Franklin, de "uma pequena prece mental por vc". Não por acaso, minha escolha recai na cantora negra genial natural de Memphis-Tenesse nos EUA, que venceu o racismo com sua voz marcante. Ela teve e tem uma vida longa para poder ver seu nome ser inscrito no hall da memória como uma das nossas maiores cantoras, e colhe os frutos disso em vida através de [só!] 19 prêmios Grammy, por exemplo.


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