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domingo, 24 de julho de 2011

Incrível... para encerrar o fim de semana.

Esqueça a afinação dos coralistas e jeito meio vacilante da orquestra; se possível, procure não reparar demais na qualidade do vídeo também. Para o que quero demonstrar aqui, atenha-se apenas ao conceito. O vídeo a seguir é de uma orquestra venezuelana. Mas não uma orquestra qualquer; é uma orquestra presidiária! Isso mesmo, um grupo musical formado por presidiários... dá pra imaginar isso aqui no Brasil? É claro, por que não?


Me lembrei de passagem de uma cena no filme "Um Sonho de Liberdade", que se passa numa prisão e o personagem principal dribla a segurança e põe nos altos falantes do lugar uma ária qualquer. A execução nem chega ao fim, porque arrombam o lugar e levam ele, mas nas palavras de um amigo seu, eles não tinham a menor idéia de quem cantava, mas era como se por um breve momento um pássaro de luz tivesse adentrado o ambiente da cela escura e tocado cada um deles. E naquele instante, era como se todos fossem livres.


Enfim, nessas horas eu sinto um puta orgulho de fazer o que faço.

Boa semana a todos...

Coisas de campanha...

Vi muita gente que admiro falar bem de José Serra na campanha para presidente ano passado. Um dos muitos vídeos veiculados por ele tentava mostrar como seria o Brasil desse ano de 2011 em diante.

Compare o quanto dele se tornou verdade; e note a estratégia barata e rasteira de alguém que queria ser presidente de um país tão grande como o nosso.



Relacione as colunas...



      
  ( 1 )        
                  (   ) Indivíduo           
                         temeroso e 
                         confuso


                   (   )  Pensador livre
  ( 2 )        





Readaptei do Ateu.net.

Sobre a morte de Amy Winehouse

Esse vai ser rápido. Só passei pra registrar essa publicidade sobre a morte de Amy Winehouse e as reações histérico-verbais de alguns que vi e li. Lembram do Michael Jackson? Estuprador de crianças, racista (por ter vergonha da própria cor e mudado-'a') e mais um monte de adjetivos. E quando morreu? Bom, foi imediatamente santificado pela mídia (a mesma que o condenava diariamente) e pelas pessoas cuja opinião se baseia nessas publicações. Era "o maior artista do século"...

Com a cantora inglesa ocorre o mesmo. Enquanto escrevo ainda não se sabe a causa da morte, mas isso não interfere em nada do que vou dizer. Permanecendo bêbada e drogada a maior parte de seu tempo, ela protagonizou aparições públicas patéticas; esquecendo letras que nada tinham de complexas (vide Rehab) em pleno palco, ela beirava o limiar do insuportável com uma pronúncia arrastada e mal articulada, constrangendo os músicos que a acompanhavam e irritando as pessoas que a admiravam. Suas qualidades são um fato, mas sua postura não só desperdiçou seu talento nato e um timbre vocal invejável, mas a relegou àquela posição de mito contemporâneo, do artista inconformado e incompreendido, mas acima de tudo profundamente infeliz.

Não fosse sua fama anterior, qualquer pessoa lúcida iria querer seu dinheiro de volta ao pagar uma fortuna para ver isso: 



Acompanho agora os comentários mais apaixonados e encharcados de uma admiração que parece ter sido insuflada instantaneamente, tal como ocorreu com Michael Jackson. Bom, talvez isso demonstre no fundo o caráter supérfulo e banal com que a vida humana é encarada na nossa cultura tão midiática. A conversão imediata de uma boa cantora que beirava o limite da incapacidade de gerir a própria vida em um status de diva parece-me um sintoma disso.

Mas para deixar as coisas toda na perspectiva correta, termino dizendo que eu gostava de muitas das coisas dela; só acho que ela transformou-se, por seu mérito e esforço pessoal, numa sombra de si mesma. Eu encerro com a mensagem de Aretha Franklin, de "uma pequena prece mental por vc". Não por acaso, minha escolha recai na cantora negra genial natural de Memphis-Tenesse nos EUA, que venceu o racismo com sua voz marcante. Ela teve e tem uma vida longa para poder ver seu nome ser inscrito no hall da memória como uma das nossas maiores cantoras, e colhe os frutos disso em vida através de [só!] 19 prêmios Grammy, por exemplo.


sábado, 23 de julho de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Beethoven's salsa

A quinta sinfonia na leitura sensacional de Sverre Indris Joner.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Michael Shermer no TED

Preciso, direto e embasado.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Hélio Leites: a máquina que pisca, ri e chora...

Mais uma evidência que comprova: cada ser humano é um universo.




segunda-feira, 18 de julho de 2011

Livros, cabras e profetas...

Quanto vale o conhecimento? Quão preciosa é a informação que ilumina nosso caminho, nos afasta da barbárie, nos permite uma convivência mais pacífica e com menos hipocrisia e intolerância? Para mim, esse tipo de informação não tem preço. Ele não devia ser negado a quem quer que fosse. Pelo contrário, ele devia ser incentivado, distribuído; devia estar disponível a todo indivíduo desde a sua infância mais tenra.

Vi recentemente o filme Ágora, que narra os eventos que cercaram a destruição da biblioteca de Alexandria no Egito no contexto do século IV. Escrito por Alejandro Amenábar e Mateo Gil e dirigido pelo primeiro, ele tem entre outros atores, Rachel Weisz no papel da filósofa Hipátia. Antes de mais nada, devo dizer que é uma experiência perturbadora quando penso a respeito... e a fotografia perfeita, que realça nosso mundo esférico girando no espaço visto de cima ao som das pessoas alegando as coisas mais bizarras em contrário acentua esse caráter.

Apesar das concessões dramáticas em favor da narrativa, o filme baseia-se em eventos reais, amplamente documentados. O cristianismo, recém tolerado pelo império com a conversão de Constantino, rapidamente passa a ver como um insulto à sua crença a presença das demais; sua ira se volta contra a cultura dos que chamavam pagãos, e da qual a grande biblioteca era sua máxima expressão. Numa revolta que não tardaria, o caldeirão alimentado pela fé cega faz marchar uma turba desordenada pelos seus corredores e instalações, destruindo e incendiando tudo pelo caminho. Hordas de analfabetos desprovidos de qualquer acesso à mínima informação, ostentavam cruzes e aos berros, transformaram o maior centro de conhecimento do planeta anotações minuciosas e conclusões que demandaram séculos de pesquisa e pensamento investigativo em cinzas. É sintomático que essas mesmas pessoas tenham transformado o local num estábulo para cabras...

Num movimento que só recrudesceria cada vez mais, o cristianismo parte do princípio que a sua suposição de mundo é a única real, não deixando alternativa aos que não acreditam; e vai tomando conta de toda a vida social, depondo governos e impondo uma hegemonia que culminou no que é conhecido hoje como Idade Média ou ‘das trevas’. Seu monopólio era tal que suas normas regiam todos os aspectos da vida social, mantendo o povo convenientemente na ignorância. Eu tenho vontade de rir cada vez que ouço alguém falar que a Igreja foi a forma de manutenção, através de seus escribas, de pensadores e culturas anteriores.

“Fazemos cumprir a palavra de deus”. Quantas vezes na história ainda veríamos esse mesmo tipo de argumento oco e banal, que por ser desprovido de qualquer evidência real, tinha de ser repetido e repetido ao nível da exaustão, imposto sem questionamento por meio da força coercitiva e colocando convenientemente os que se opunham como inimigos não deles, mas de seu próprio pseudo-criador em pessoa. A autoridade dos que alegavam não só que havia um criador como conheciam os seus desígnios era absoluta, em épocas que, usando um eufemismo macabro, você podia ser convidado para um churrasco e ao chegar no local, descobrir que o assado seria você.

Caminhamos muito e realizamos proezas em favor da nossa civilidade; provamos que a terra era redonda, não importa quantas pessoas fossem torturadas. Mostramos que o cozimento de pessoas vivas em óleo não faria a terra voltar a ficar estática no espaço, nem sua órbita ser redonda. Menos ainda que estacas enfiadas ao som do murmúrio das orações do carrasco devolveriam ao nosso pequeno mundinho o status de centro do universo. Demonstramos que mulheres não são uma sub-espécie, nem negros, nem judeus... mas somos uma espécie que tem sérias dificuldades em aprender.

Homoafetivos vivem hoje a mesma bizarra luta pelo direito simples de existir que qualquer um desses, e o argumento dos intolerantes continua sendo tão infundado quanto dos nossos primórdios, em que visões de estrelas, animais de barro e loucos no deserto ditavam o consenso.

A ignorância que se perpetua, não importa o que façamos. Nosso caráter falho e aleatório demonstra a facilidade com que a mente sucumbe às suas limitações mamíferas. Nossa história é, em resumo, um balanço entre o direito das minorias de existir quando a maioria gostaria de bom grado de fechar seus olhos às suas presenças.

No mundo moderno, em que criamos uma sociedade com altíssima tecnologia, com prédios, aviões, internet e sabe-se lá o que mais a seguir, ainda somos por dentro tão frágeis e crédulos quanto nossos antepassados. Ainda tememos os profetas com mensagens convenientemente (para eles) apocalípticas, do paternalismo autoritário e senil de alguém que tudo vê, nada faz, mas a todos pode condenar.

Mas isso, claro, são os pensamentos da vala comum, dos anônimos nas massas do dia a dia, que com razão não tem tempo para pensar na efemeridade da vida (quem teria mal tendo o que comer?). Os próprios tais profetas devem saber (se não forem tão ingênuos) que eles são simplesmente mamíferos que passam adiante a retórica que lhes permite distinção, admiração, favores especiais, e que isso nada tem a ver com a realidade em si. Queimar livros não é uma tentativa de discordância com o que se julga falso, mas uma forma de impedir que outras pessoas vejam a falácia em que se encontram.

Quão preciosa é a informação que ilumina nosso caminho, nos afasta da barbárie, nos permite uma convivência mais pacífica e com menos hipocrisia e intolerância? Para mim, esse tipo de informação não tem preço.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Contos suiços...

Um africano do Senegal, dois italianos, sendo um pedreiro e outro vendedor ambulante, dois andarilhos vienenses em excursão, um casal de chineses, uma boliviana que vive com as filhas na França, um alemão que ronca, um romeno com uma pronúncia arrastada, um suiço especializado na história do cinema e que passa o dia em frente ao notebook, um ucraniano em busca de trabalho e estudos, um brasileiro...

A pensão abriga a todos, estando a quinhentos metros da principal estação da cidade, de onde os trens vão e vem interligando uma infinidade de destinos, levando e trazendo sonhos e sonhadores sobre os trilhos. Alguns dos que ali param são movidos por um planejamento cuidadoso de tempos atrás; outros são levados por um impulso de descer no primeiro lugar que acordassem. E assim é que numa semana como qualquer outra, com chuva e sol intercalados, pessoas de diferentes lugares do planeta se encontraram involuntariamente sob o mesmo teto durantes alguns dias, que é o tempo suficiente para que suas vidas se cruzem e alterem-se mutuamente.

O africano quase sempre é quem quebra o gelo inicial, seja porque é o mais extrovertido e comunicador, seja porque fala a maior quantidade de idiomas do grupo, interligando pessoas à sua volta. Normalmente passa com fluência do italiano ao francês, vai ao senegalês e volta ao inglês com uma habilidade invejável. É ele quem dá aulas de informática ao vendedor italiano que não fala outro idioma que o seu próprio, mantém a conversação com seus colegas africanos, embora eles sejam minoria, é o primeiro a dar as boas vindas ao brasileiro em inglês, explica como é a Suiça ao ucraniano.

Os italianos são os mais animados e, embora poucos entendam o que falam, todos quase sempre riem. São gestos, caras e bocas... o ucraniano, por outro lado é calado, e demora mais tempo a se integrar. Com um inglês tropeçado ele será mais próximo do africano e do brasileiro praticamente o tempo todo. Suas tentativas de comunicação com a boliviana são frustradas quando percebem que os idiomas que dominam não conferem uns com os outros. Ela fala em espanhol com as filhas e francês com o africano. Apesar disso, conversa pouco, e só nos últimos dias avisa que está indo a Barcelona. Suas meninas são muito quietas e quase ninguém ouve suas vozes, com exceção delas mesmas quando brincam cochichando em espanhol...
O suiço vem do norte de seu país, tem aparência doentia que é reforçada por passar o dia em frente ao computador. Não fala com ninguém da pensão, até que troca duas palavras com o brasileiro por mera insistência desse, e seu mundo se abre; estuda a história do cinema e passa o dia trabalhando na frente do notebook. Tem pouco interesse em trivialidades, acha o atual superficial. Mas o atual é tudo no que pensa o pedreiro italiano, que vem de seu país de tempos em tempos em busca de trabalho. Suas roupas são surradas, levanta religiosamente às quatro da manhã e some, voltando somente à noite. Sua aparencia demonstra a sua absoluta necessidade de tal vida, que ignora de onde veio e menos ainda o que fará quando essa obra acabar.

Em algumas tardes, reina um silêncio imperioso, quando quase num movimento combinado, todos saem. Mas à noite, ao redor da tv, amontoam-se para comer e ver o jornal em italiano, traduzido especialmente pelo africano aos menos favorecidos no idioma de Verdi e Puccini. Há uma troca rápida de experiencias diárias, onde nem sempre todos se entendem plenamente; alguns nitidamente fingem fazê-lo.


Perto do fim da semana, o brasileiro retorna com a notícia que passou na prova que foi fazer, e é saudado por quase todos como se sua família fossem; como se fossem amigos a uma longa data e já não pudessem passar um sem a compania dos outros. Os rostos felizes demonstram a estranha mas profunda experiência de alegrar-se com a vitória de alguém que vai sumir em breve na próxima curva do tempo, sem deixar rastro para a maioria dos demais. Mas assim é.

Malas são feitas, uns vão saindo, outros chegando. Na despedida, apertos de mão, abraços tímidos mas de uma cumplicidade velada, de quem compartilha os mesmos genes. De quem sabe o que é sofrer ou se calar diante do que não se compreende, mas também do que é sorrir diante da felicidade. Seja da sua, seja dos outros, ainda que distantes ou sequer se conheçam. Dessa felicidade que por vezes, por ser tão negada a alguns é extremamente festejada na realização de quem quer que seja, porque nos diz que ainda resta esperança, que o sol brilha por sobre as nuvens mesmo que não o vejamos...


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Mova-se!

Nem todos os dias as coisas vão dar certo...

Ter isso em mente é ser realista. Você pode se preparar com tudo o que tem e isso ser insuficiente para aquilo que se propõe. Às vezes gosto de pensar assim, meio como uma forma de me precaver contra  o pensamento tão tentador e fácil para alguns que "tudo vai dar certo". Tentativas são tudo o que temos. Podemos nos aprimorar através das nossas experiencias, triangular comparativamente o que pretendíamos, o que fizemos e se isso representa o que queríamos depois de feito. E pode-se chegar muito longe com esse expediente; aprender com os erros pode ser a melhor coisa que nos podia acontecer. Mas, no fim, nada é garantia de sucesso a priori.

É enganadora a visão de mundo que somos especiais e que a natureza das coisas foi pensada com nossa existência como centro de tudo. Não vejo honestamente como podemos ser mais importantes que uma bactéria, ou um outro animal qualquer. O exercício repetitivo, a dedicação e gostar do que se faz são fundamentais pra se ter sucesso, mas nada disso nos torna 'eleitos' a nada especial nesse mundo; na mesma medida, minhas eventuais vitórias pessoais não significam nada comparadas à rotação da crosta terrestre em que eu, um mamífero pelado, me encontro. Partir desse ponto é crucial pra entender a natureza das coisas e como elas ocorrem.

Cada um de nós passa por momentos marcantes e decisivos na vida e pode parecer que a expectativa geral das criaturas pára por um momento na espera do nosso desfecho pessoal. Como se estivessem seguindo com suas vidas num primeiro plano, mas lá no subconsciente, é a nossa história que parece importar pra elas. Claro, nada do mundo que podemos observar nos permite essa suposição; você pode estar depressivo por causa de um relacionamento que acabou a recém, ou extremamente feliz por, digamos, ter encontrado a pessoa da sua vida, e ainda assim, os dias seguem iguais e o mundo sua trajetória.
Mas, não ter parâmetros pré-determinados nos permite criar os nossos próprios; e com relação às nossas expectativas pessoais, se somos nós contra uma chance ao acaso, não há porque temer ou sofrer por antecipação (e nem depois). Fazemos um bem a nós mesmos quando aceitamos que a vida é também o fracasso. Que essa noção nos acompanha tão de perto quanto o sucesso e, como ela, também não está ali pra nos fazer mal. Simplesmente acontecem, e são o que são.

Se o que nos cerca não é o que pensamos, nosso pensamento deve buscar na realidade à nossa volta motivos e razões para seguirmos adiante. E temos várias delas. Pessoas que amamos e gostamos, um campo aberto e fértil de possibilidades das quais sou o único culpado por não aproveitar, mas também o maior vitorioso por cada passo bem sucedido. A culpa como rótulo simplesmente não tem lugar nessa perspectiva; ou eu me encontro numa posição em que consigo ver a totalidade do contexto que me encontro inserido (e assim tiro a melhor vantagem disso) ou devo me mover para um lugar em que isso seja possível.

Essa é a ordem do dia... mova-se.



O olhar de quem vê...

A figura a seguir expõe uma característica interessante de como nosso cérebro completa a informação que considera ausente... ou deleta as superficiais.

O teste é o seguir: permaneça focado na inscrição no centro da figura ("you're cool") por um minuto e, sem desfocar, observe como os corações em volta vão sumindo... sensacional.


Update: Pra mim, há uma exceção a essa regra que é se fosse colocado no centro o teu nome, keko. Aí meu coração aumentaria ao invés de sumir... rs.